A influência da obesidade sobre a função respiratória, aptidão cardiorrespiratória e qualidade de vida em crianças

Abstract

Introdução: A obesidade infantil é um problema mundial, com alta incidência e prevalência. Isso é um reflexo do estilo de vida adotado, dentre os malefícios que pode acarretar a saúde da criança, está o comprometimento da aptidão cardiorrespiratória (ACR), função pulmonar, força muscular respiratória (FMR) e qualidade de vida (QV). Objetivo e metodologia: Na presente dissertação foram elaborados dois estudos, o estudo 1 é uma revisão sistemática com o objetivo de elucidar se há diferenças na força muscular respiratória e na função pulmonar de crianças obesas sem comorbidades associadas. foi conduzido de acordo com as diretrizes do Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses (PRISMA) 2020. Os critérios de inclusão para os estudos foram: 1) crianças entre 4-11 anos; 2) obesidade classificada pelo índice de massa corporal (IMC), circunferência de cintura e/ou % de gordura; 3) estudos que apresentavam espirometria e/ou manovacuometria para análise de função pulmonar e força muscular respiratória, respectivamente. Somente os artigos na língua inglesa, francesa, espanhola, portuguesa. Foram excluídos os artigos anteriores a 2019, que apresentavam alguma doença do sistema respiratório. A revisão sistemática foi conduzida nas bases de dados Scielo, Scopus e PubMed e utilizado título/resumo. As buscas foram realizadas entre janeiro e março de 2023. A qualidade dos estudos foi medida com a escala de Dows and Black. Já o estudo 2 é um estudo transversal analítico com o objetivo de associar a obesidade abdominal com a função respiratória, aptidão cardiorrespiratória e qualidade de vida de crianças com e sem obesidade abdominal. Sua amostra recrutada por convite. A amostra incluiu crianças obesas e não obesas estratificadas pela CC, com idade entre 4-14 anos, 50,7% meninos e 40,3% meninas. Foram coletados dados de CC, o pico de velocidade de crescimento (PVC) foi calculado, força muscular respiratória (FMR) avaliada pela manovacometria e função pulmonar mensurada pela espirometria. A aptidão cardiorrespiratória (ACR) foi avaliada pelo teste de caminhada/corrida de 6 minutos e a qualidade de vida (QV) pelo questionário PedsQLTM 4.0. Resultados: A revisão sistemática teve por resultados: a FMR, não apresentou diferença significativa entre os grupos. Já na função pulmonar, o grupo de obesos apresentou redução nos parâmetros de PFE e FEF25-75% e na relação VEF1/CVF. O grupo sem obesidade apresentou redução, quando analisados os seguintes parâmetros: PFE; VEF1; CVF; FEF 25-75%. Foram avaliadas 207 crianças, 46,4% com obesidade abdominal (COA). As variáveis de FMR pressão inspiratória máxima (Pimax), pressão expiratória máxima (Pemax), função respiratória capacidade vital forcada (CVF), volume expirado forcado no primeiro segundo (VEF1) e fluxo expiratório forçado durante a expiração de 25 – 75% da CVF (FEF25-75%) foram maiores em crianças COA. Enquanto a ACR foi inferior. Quando analisadas de forma múltipla, as variáveis de FMR, Pimax (β = 0,45; p=0,001) e Pemax (β = 0,36; p=0,009) apresentaram impacto com relação direta. A variável de distância percorrida (β = -5,15; p< 0,001) e VO2 pico (β = -0,43; p< 0,001) relação inversa. As variáveis de capacidade pulmonar FVC e VEF1 (β = 0,006; p=0,001) apresentaram impacto direto. Não encontrado no pico de fluxo expirado (PFE) (β = -0,001; p= 0,798) e FEF25-75% (β = 0,005; p= 0,207). A variável capacidade física referente à QV (β = 0,11; p= 0,166), não apresentou impacto. Conclusão: No primeiro estudo percebeu-se poucos estudos encontrados, com demonstração de poder amostral, estratificado por faixa etária e que utiliza-se distintos parâmetros de avaliação da obesidade. No entanto, é necessário desenvolver mais estudos que avaliem a FMR e a função pulmonar e que incluam marcadores tais como CC, RCE, que são marcadores estritamente relacionados com o público pediátrico. O estudo transversal teve como conclusão a função pulmonar e a FMR tiveram melhores em crianças COA porém, apresentam menor resistência ao exercício. A CC é um marcador de obesidade relevante e impacta nos marcadores de função e força pulmonar